As companhias com atuação no Brasil estão entendendo que para a melhor prática ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governança) é preciso atuar naquilo que tem direta conexão com o negócios
As companhias com atuação no Brasil estão entendendo que para a melhor prática ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governança) é preciso atuar naquilo que tem direta conexão com o negócios. É por isto, por exemplo, que a fabricante de alimentos PepsiCo está deixando de lado o uso de petróleo nas fábricas e frotas próprias, em uma gradual substituição para o biometano.
A marca de vestuário Reserva, em parceria o brechó Troc, passa a vender roupas novas, que não foram vendidas em coleções passadas. A estratégia de ambas marcas do grupo Arezzo&Co foca em economia circular e redução de desperdício. Já na varejista Magalu, a plataforma Mundo Social cresce e gera resultados para o negócio, ONGs e empreendedores de grupos socialmente minorizados. Leia esses e outros destaques da semana em ESG.
A fabricante de alimentos PepsiCo anuncia um movimento inédito de transição energética com foco em mitigação de emissões de gases causadores do efeito estufa (GEE). A partir de agora, a companhia assume o compromisso de substituir combustíveis fósseis, especialmente o gás natural, por gás biometano em suas fábricas e frota própria de caminhões movidos a gás. O abastecimento será pela Ultragaz, com insumo oriundo de aterros sanitários, como o de Caieiras, na grande São Paulo.
“Vamos, inicialmente, utilizar o biometano em toda a fábrica de Itu, a maior do Brasil, localizada no interior de São Paulo. Com essa implantação, a PepsiCo pretende reduzir as emissões em manufatura brasileira em 44%, em outubro de 2024, quando comparado aos dados de 2015. Começar pela maior operação é uma forma de demonstrar o compromisso de reduzir 75% das nossas emissões no escopo 1 e 2 até 2030”, diz Alex Carreteiro, presidente da PepsiCo Brasil Alimentos, em entrevista exclusiva à EXAME.
Quando a varejista Magazine Luiza, em 2020, acelerou o lançamento da plataforma Parceiro Magalu por conta da pandemia da covid-19, a intenção era a ajudar os micro e pequenos varejistas e os profissionais autônomos a manter seus negócios. Em seguida, no mesmo ano, percebeu-se que era possível fazer mais, ao oferecer um espaço dedicado ao empreendedor de grupos socialmente minorizados, como mulheres e pessoas negras, e que, além disto, oferecesse impacto social positivo a partir da compra, por meio da plataforma Mundo Social.
“O Mundo Social é a nossa ferramenta de digitalização de empreendedores que fazem parte de algum grupo minorizado, como mulheres, pessoas negras, pessoas da comunidade LGBTQ+, além de ONGs e projetos sociais que fazem a venda de produtos para subsidiar essas ações”, explica Luiza Helena Trajano, fundadora do Magazine Luiza. De acordo com ela, em três anos, as vendas do Mundo Social cresceram 45.000% . “Claro, no primeiro ano, ainda era algo bem inicial, em fase beta. Agora já é confirmado que o Mundo Social será uma forte ferramenta de inclusão”.
A startup de compra e venda de peças usadas Troc foi desenvolvida, em 2015, com o objetivo de fortalecer a economia circular na moda brasileira. Agora, em um movimento inédito, a plataforma que faz parte da Arezzo&Co desde 2020, passa a vender também peças novas de coleções passadas de outras marcas do grupo: a Reserva e a Reserva Go.
O projeto, intitulado Outlet passa a ser fixo após um teste iniciado em 2022, e tem peças com até 40%. Atualmente, a categoria representa mais de 20% do negócio. “Acreditamos que temos uma oportunidade de ressignificar a indústria da moda, ao dar uma nova vida aos itens já produzidos. Estamos não apenas reduzindo o impacto ambiental, mas também abrindo portas para um mercado extremamente promissor, o de off price”, diz Luana Toniolo, fundadora e CEO da Troc.
O desperdício de alimentos contribui com até 10% das emissões de gases causadores do efeito estufa no mundo. No Brasil, cerca de 61,3 milhões de brasileiros estão em insegurança alimentar, ou seja, sem acesso frequente a alimentos de qualidade e em quantidade suficiente. Ao mesmo tempo, 42% do abastecimento de alimentos é desperdiçado no país. O cenário preocupa, mas, de acordo com uma análise realizada pela Harvard Law School, escola de direito da Universidade Harvard, em parceria com a americana The Global FoodBanking Network e a brasileira Sesc Mesa Brasil, ONGs que promovem a criação de bancos de comida, há soluções para reduzir esse desperdício.
O trabalho aborda as leis e as políticas de doações de alimentos, e os resultados fazem parte do Atlas Global de Políticas de Doação de Alimentos, publicação que tem o objetivo de servir como um guia para a definição de políticas públicas e melhores práticas em distribuição de comida. Para os pesquisadores, o Brasil pode tomar medidas eficazes e simples contra o desperdício e a perda de alimentos e a favor da segurança alimentar.
Estão abertas as inscrições para o Melhores do ESG 2024, o mais importante guia ESG do Brasil. Com metodologia desenvolvida pela EXAME, em parceria com o Ibmec, uma das mais conceituadas escolas de negócios do país, a publicação destaca as empresas que mais contribuem para a evolução da sustentabilidade e para o desenvolvimento do capitalismo brasileiro.
As inscrições estarão abertas até o dia 29 de março. O processo foi simplificado, e resumido em dois questionários, um quantitativo e outro qualitativo. Para participar, a empresa deve preencher os dois formulários.
Fonte: Exame